Fique onde está e então corra

Olá caros viajantes literários!
Mais uma vez, peguei minha mochila e fui viajar, mas desta vez com John Boyne.
E garanto à vocês que foi uma aventura incrível, junto com Alfie Summerfield. Nem imaginava como uma criança tinha tanto para ensinar!
Sinopse: 
Em meio às tragédias da Primeira Guerra Mundial, o amor é a única arma de um garoto para curar seu pai. Alfie Summerfield nunca se esqueceu de seu aniversário de cinco anos. Quase nenhum amigo dele pôde ir à festa, e os adultos pareciam preocupados — enquanto alguns tentavam se convencer de que tudo estaria resolvido antes do Natal, sua avó não parava de repetir que eles estavam todos perdidos. Alfie ainda não entendia direito o que estava acontecendo, mas a Primeira Guerra Mundial tinha acabado de começar. Seu pai logo se alistou para o combate e, depois de quatro longos anos, Alfie já não recebia mais notícias de seu paradeiro. Até que um dia o garoto descobre uma pista indicando que talvez o pai estivesse mais perto do que ele imaginava. Determinado, Alfie mobilizará todas suas forças para trazê-lo de volta para casa.
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Um livro extremamente sensível, o autor nos leva com muita doçura a conhecer o pequeno Alfie. Com seu coração puro, ainda não tinha noção o que era a guerra e suas consequências.

Alfie não só perde seu pai para a guerra, mas também ganha uma mãe ausente, amigos que partem, uma vizinhança triste e desamparada.

John Boyne, não mostra a guerra em si, mas o que acontece pós guerra. Uma guerra particular, solitária, ausente de inimigos, porém cada soldado que consegue voltar, traz consigo as marcas no corpo e, a pior delas, na alma.

O pequeno Alfie vai nos conduzindo a conhecer seus maiores desejos e medos, suas lutas para achar seu pai no meio do caos. 

"Ele tinha feito pela melhor razão do mundo. Por amor." pg 219

Uma pequena alma pura, sonhadora e repleta de esperança. Ele aprende a ver, em tão tenra idade, as consequência e atrocidades que o homem é capaz de fazer com seu semelhante. 

"Aqueles homens eram todos perturbados, vivendo parte no presente, parte no passado e parte em alguma terra sem lei, onde marchavam tentando desviar dos tiros, mas fracassavam, agonizavam, desfaleciam." pg 167

O autor traduziu tão bem esse momento, que teve a sensibilidade de usar do personagem para mostrar grandes obras primas. Imagine, um pequeno garoto que em momentos de caos, tem a delicadeza de ler. Sim! Seu melhor amigo: o livro!

"Alfie era o melhor leitor da turma - era o melhor da escola, na verdade. Ele adorava quando a sra. Jillson, a bibliotecária, lia alguma coisa em voz alta ou passava um livro pela turma para que todos fizessem o mesmo com uma ou duas páginas." pg. 49


"- Nove anos e já se dedica ao trabalho. É como nos tempos de Dickens. Você já leu Dickens?
-Não, senhor.
- Já leu alguma coisa?
- Sim, senhor.
- O quê?
- Robinson Crusoé." pg. 80


"Observou a paisagem durante um bom tempo, até o pescoço doer, e então se virou e reparou pela primeira vez na jovem que estava com ele no vagão. Estava sentada à sua frente, mas não tão perto da janela, e lia um livro chamado A natureza extraordinária da mente humana, escrito por um dr. F. R. Hutchison. Alfie não tinha certeza como pronunciar a terceira palavra..." pg. 105


"... outro homem lia um livro. Quando ele terminava uma página, arrancava a folha, amassava e jogava fora no chão, já havia dezenas espalhadas. Alfie estreitou os olhos para ver as palavras da capa. Madame Bovary." pg 119


"- Você pegou o presente? - ela perguntou, e seu pai fez que sim, apontando para a mesa, sobre a qual estava uma cópia de Grandes esperanças, de Charles Dickens. Era julho de 1922, quase quatro anos depois do fim da guerra e aniversário de treze anos de Alfie Summerfield."  pg. 209


 
 Até breve, com mais uma viagem incrível!

By Nice Sestari

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