Como me tornei leitora

Dizem que recordar é viver! E relembrar experiências marcantes e felizes é muito bom!!!!

Aqui vai um pouco da minha história.
Quando era criança, passava as férias na casa da minha avó e meu tio amava ler gibis do Tio Patinhas e Cia. Acredito que foi ali, sem ninguém perceber que me apaixonei pela leitura.

Minha mãe nunca me deixava participar de nenhum evento escolar. Mas, certa vez participei de um escondido. Tinha 7 anos, na escola apareceu um concurso de pintura dos personagens do Sítio do Pica Pau Amarelo, o trabalho mais bonito seria o ganhador de um livro de Monteiro Lobato e nossa turma teria que pintar o Visconde de Sabugosa. Como disse, fiz tudo escondido e, na última hora, fui entregar meu trabalho. No dia seguinte, para minha alegria, a professora veio toda feliz entregar meu primeiro livro! Chorei muito, mas muito mesmo, de emoção e de medo da minha mãe me bater ou rasgar meu livro.


No ano seguinte, com o mesmo esquema, ganhei o livro mais lindo e inesquecível na minha vida de criança. Ganhei na categoria melhor redação.

Livro era artigo de luxo em casa, incentivo pra leitura nem pensar e, mesmo sozinha, sentia muita vontade de ler e de ter minha biblioteca, um sonho quase que impossível.
Sempre no âmbito escolar conseguia matar a minha vontade de ler! Já no quinto ano, a professora exigiu, pra minha felicidade, o livro 'Olhai os lírios do campo' de Érico Veríssimo; esse foi o primeiro livro comprado. 

Naquele tempo passava uns homens vendendo livros de porta em porta, mas nunca tínhamos condições de comprar; toda vizinhança tinha a coleção 'Conhecer" da capa vermelha em casa, menos nós. Até que um dia saiu nas bancas de jornal uma nova coleção, "Novo conhecer", capa azul com letras douradas e num passe de mágica minha mãe começou a colecionar. Parecia Natal quando conseguíamos montar um livro. Lia tanto cada volume que já sabia tudo de cor. Foi um tempo muito bom, apesar de tudo! 


Minha família nunca incentivou a leitura, fui um caso a parte, como dizia minha professora do quarto ano, mesmo que ninguém te incentive, leia, leia bastante. E foi o que fiz, remei contra a maré. Foi quase um tsunami! Sempre que estava lendo, minha mãe achava que estava fazendo 'corpo mole' e apanhava. Ela achava perda de tempo ler.
Na casa da minha avó, todos gostavam de jogar cartas, menos eu que preferia ler. Era outro drama, quando faltava um jogador, o povo me chamava pra jogar. Como nunca ia, sempre tinha um pra arrancar meu livro, ouvia cada absurdo. Uma frase que nunca saiu da minha mente. 'Como você é trouxa, fica lendo essas besteiras ao invés de jogar. Você não vai chegar a lugar nenhum!' 
E posso dizer que foram os livros que me salvaram, da tristeza, do mal caminho, da solidão e da vontade que tinha de viajar.
Quando tinha 18 anos, já com um salário melhor, comecei a comprar meus livros. Fiquei sócia do Círculo do Livro e os deixava escondidos na empresa que trabalhava. Quando construí meu lar, meus livros ganharam endereço fixo. 
 Sempre que possível chega um livro novo para aumentar a tão sonhada 'biblioteca'.


"Muitos homens iniciaram uma nova era na sua vida a partir da leitura de um livro."
                                                                                                                                                                                                                                                                           Henry David Thoreau



"A leitura engrandece a alma."   Voltaire

Comentários

  1. Nice querida!! Que história mais linda a sua!! Me emocionei.
    E que legal que também começou com os gibis!! E também gostava de Monteiro Lobato. E olha que coincidência, eu li Veríssimo também e gostei tanto que está na minha lista de leitura do ano que vem, para relembrar.
    Muito legal conhecer sua história. Beijos!!!

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    Respostas
    1. Obrigada pelo carinho Ale Dossena!!!! Então iremos reler, também coloquei na minha listinha de 2016!!!!

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  2. Nice , que emocionante ler o seu relato! Quantos obstáculos na sua vida de leitora! Que exemplo de perseverança! Parabéns! Preciso ler Veríssimo no ano que vem.
    Bjs

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