O Feijão e o Sonho

Olá Viajantes!
Nossa viagem foi para São Paulo, com Orígenes Lessa, a obra O Feijão e o Sonho.


Uma leitura super gostosa, com momentos divertidos, porém de muitas reflexões e com temas que dariam discussões para mais de dias, como racismo, machismo e o papel da mulher na sociedade da época. Lembrando que sua primeira edição foi publicada em 1938.

Poderia ser mais um livro clichê, mas o autor nos convida de forma simples e cativante a vivenciar a vida difícil do poeta Campos Lara e de sua família.

Nesta obra há símbolos muito fortes que se confrontam. O poeta Carlos Lara e o seu sonho, seus momentos tão fora da realidade, ele parecia um lunático e ao mesmo tempo de uma profunda delicadeza de alma.

"E Campos Lara se reconciliava com o exílio. Doçura, suavidade. Deus nobis haec otia fecit. Como era bom não fazer nada!" (pg 33)

"Aquele dia ele se deixara ficar mais que de costume. Perdera mesmo longo tempo, esquecido dos pássaros e do céu, embaixo da gameleira copada e repousante. Olhando o quê? Ouvindo o quê? Cismando à toa, ... desiludido e cansado, ele se renovava." (pg 34)

Já Maria Rosa era pura razão, vivia na realidade dura de criar, alimentar e vestir seus filhos. Não foi a vida que sonhava, porém era a que tinha escolhido, já que ela fantasiou que casar com um homem letrado a faria viver num mundo encantado.

"... um moço importante. Escrevia nos jornais. Tinha publicado um livro. Diziam que era um grande poeta!" (pg 53)

"... Um inadaptado, um incapaz para a vida prática. Homem como ele não nascera para o casamento, para a vida do lar. Não tinha jeito para ganhar dinheiro, incapaz de prover às necessidades da família. Maria Rosa tinha razão, quase sempre. Ela era o Bom Senso. Ele, o Sonho. Nunca vão juntos os dois. Ouvia humildemente, com resignação fatalista, os destemperos da esposa. Maria Rosa não era inimiga. Maria Rosa era o outro lado da vida..." (pg 35)

Esta leitura me fez lembrar de um velho ditado e sempre atual, "Nem tanto ao céu e nem tanto à terra", tudo nesta vida tem que haver um equilíbrio, entre o sonho e a realidade.

Ah! Antes que me esqueça, Maria Rosa sonhava com um futuro melhor para seu filho, sonhava em ver o filho Engenheiro e para Campos Lara quem sabe o menino seria Advogado... para a surpresa de todos será poeta.

"...Correu os olhos pelo poema, versos livres, linguagem nova, imagens febris, uma revelação inquietante de poeta..." (pg 128)

"Seu filho era poeta. Um arrepio de orgulho e de emoção percorreu-lhe a pele." (pg 128)

Não posso deixar de dizer que o capítulo 17 é o melhor!

Até breve, boas leituras!!


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