O Colecionador de Lágrimas
O Colecionador de Lágrimas - Holocausto nunca mais
Augusto Cury
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Este livro é uma obra bem elaborada, com citações bibliográficas no final do livro, uma história envolvente, criativa, é um ‘romance histórico/psiquiátrico. ’
Julio Verne o personagem principal é professor de história de uma universidade, judeu, casado com Katherine. Pesadelos Terríveis passam a aterroriza–lo. Uma história envolvente.
Mas, antes de falar um pouco deste professor, deixo aqui um pedacinho da dedicatória, que já no inicio me cativou.
‘Dedico este romance histórico/psiquiátrico a todas as vítimas do Holocausto, em especial às crianças, que deveriam ser tão livres no jardim da existência quanto as borboletas nos bosques floridos... ’
‘Dedico-o também aos mais importantes e dos menos valorizados profissionais das sociedades modernas: os professores. Eles são tão ou mais importantes do que os psiquiatras e os juízes de direito, pois lavram os solos da psique dos seus alunos para que protejam sua emoção, gerenciem seu estresse, desenvolvam o altruísmo e acima de tudo se tornem autores da sua própria história, para que não adoeçam nem cometam crimes. Os professores são heróis anônimos, com uma mão escrevem num quadro, com a outra mudam a humanidade quando iluminam com seu conhecimento a mente de um aluno... ’
Com uma aula super dinâmica, que leva o aluno a pensar, Julio Verne, conta a monstruosidade que foi a Segunda Guerra , a mente doente de um homem, que fez e faz a humanidade chorar. E se perguntar:Como tudo isso pode acontecer?
‘Adolf Hitler, um austríaco tosco, rude, inculto, usou técnicas sofisticadíssimas de manipulação da emoção para se agigantar no inconsciente coletivo de uma sociedade à qual não pertencia, a Alemanha. É provável que fiquemos perplexos ao passearmos pela infância e formação da personalidade daquele que se tornou um dos maiores monstros, se não o maior sociopata, dahistória, mas ficaremos igualmente impressionados com a complexidade da sua mente e com o magnetismo social fomentado por ele e seus asseclas, em especial Goebbels, seu ministro de Propaganda. Antes de devorar os judeus, eslavos, marxistas, homossexuais, ciganos, maçons, Hitler usou estratégias sofisticadíssimas para devorar a alma dos alemães, um dos povos mais cultos do seu tempo, portador provavelmente da melhor educação clássica.’
A cada capitulo uma surpresa, um mistério a ser desvendado, um aprendizado.
Cartas, ameaças, anel de honra da SS, explosões , ... se misturam com relatos verídicos de sofrimento, ilusão e extermínio.
‘Calígula foi cruel, Stálin foi um sanguinário, Pol Pot foi um tirano, mas Hitler e o nazismo chegaram às raias do inimaginável. Durante seu julgamento, Rudolf Höss, o comandante de Auschwitz, comentou com uma ponta de orgulho que o campo era uma indústria de massacre sem falhas, desde a seleção dos que chegavam, à eliminação dos cadáveres e até ao aproveitamento dos seus pertences.’
Como pode um simples soldado mensageiro passar à III Reich?
Julio Verne, a cada aula que agora se torna mais uma conferencia, coleciona desafetos dentro e fora da faculdade. Considerado até pela família um louco, provoca seus alunos a pensar, e junto com eles, eu esta mera leitora, também vou questionando e querendo saber o final.
‘Não queria espectadores passivos. Professor e alunos tinham de ser cozinheiros do conhecimento. Como toda cozinha notável, tinha de haver um pequeno caos antes de os “pratos” serem elaborados.’
‘Para desvendá-la, é necessário em primeiro lugar perder o medo de se perder. Você tem esse medo? (...) — Em segundo lugar, é preciso se esvaziar o máximo possível de preconceitos e tendencialismos. Em terceiro, ser mais amante das perguntas que das respostas. Os amantes das respostas sempre serão superficiais. Quarto, ser um observador detalhista do objeto analisado. Quinto, sistematizar os dados observados e analisá-los multiangularmente, ou seja, por todos os lados possíveis. Assim, farão menos tolices interpretativas. (...) — Mas é provável que 90% dos julgamentos sobre os outros sejam equivocados ou distorcidos.’
Em certo momento, o professor Julio Verne questiona: ‘— E quanto a vocês? O quanto são autônomos ou autômatos?’
‘— Sim, apesar de palavras parecidas, as diferenças são gritantes. Ser autônomo é construir sua própria história, ter consciência crítica, aprender a fazer escolhas, ter opiniões próprias, ainda que influenciadas pelo ambiente. Ser autômato é obedecer às ordens e não pensar nas consequências das “verdades” ideológicas, políticas, religiosas, abdicar da sua identidade, ser mentalmente adestrado. O templo nazista requeria que seus adeptos não pensassem. Milhões de jovens se tornaram autômatos.’
E nós caros amigos, o que somos... e nossos jovens, nossa sociedade????
‘— Mas, se é assim, na sociedade de consumo o marketing pode dirigir ou moldar nossa vontade e nos fazer autômatos. Pensamos que somos livres para decidir, mas no fundo podemos estar obedecendo a ordens...’
A cada capítulo uma reflexão, informações históricas e a curiosidade de saber o que acontecerá com o professor Julio Verne!
Deixo mais uma citação para ver o quanto é atual e que pouco aprendemos com a história da humanidade.
‘— O desenvolvimento socioeconômico fortalece a democracia, e a democracia o promove.Entretanto, o caos é um excelente meio de cultura para a tirania. Hitler observava a crise da Alemanha e considerava a democracia ineficiente para resolvê-la, oferecendo outra forma de governo, o nacional-socialismo, uma verdadeira ditadura, em que os sindicatos seriam abolidos,o direito de greve estancado, a renda do trabalhador controlada, embora o lucro e apropriedade privada fossem preservados.
Hitler, apesar de não ter apreço pela democracia, estava num regime democrático, e dentro das regras do jogo preparou seu partido para enfrentar as eleições. Mas, com o desenvolvimento econômico, seu partido já não encantava, seus discursos não inflamavam a emoção e suas ideias, que incentivavam hostilidades contra o governo e os judeus, não causavam mais os mesmos impactos. Hitler quase fora sepultado.
— Eu não entendo a mente de alguns políticos. Quando estão na oposição, torcem para que aqueles que estão no governo se arrebentem ou que a sociedade entre em crise para poderem conquistar espaço(...)
— Isso se chama necessidade neurótica de poder (...)'
Recomendo! Augusto Cury provou que é mais que um escritor de autoajuda.
UIaaaa, que gostei desse livro
ResponderExcluirSua resenha está maravilhosa, super explicativa!
Quem sabe me arrisco!
bjins
Leila