Machado de Assis - Conto # 7

Olá Viajantes Machadianos!

 O conto 'Frei Simão',  encerra os Contos Fluminenses!

Atenção: Contém Spoiler!


Machado nos coloca numa situação de perplexidade já no inicio do conto. Frei Simão, antes de morrer, diz para o Abade, superior do convento: "Morro odiando a humanidade".

Frei Simão era um sacerdote da Ordem Beneditino, morreu aos 38 anos, com um semblante de 50 anos. Viveu seus últimos 5 anos na clausura, saindo apenas para comer e orar. Era muito fechado e desconfiado, muitos o apelidaram de Urso.

Os fraternos se perguntavam, qual a razão do Frei Simão ser daquele jeito? 

Após todas as honras merecidas, o Abade fez o inventário dos objetos do finado... "e entre eles achou-se um rolo de papéis convenientemente enlaçados, com este rótulo: "Memórias que há de escrever frei Simão de Santa Águeda, frade beneditino".

O caro Frei foi um jovem de família de comerciantes bem sucedidos, filho prestativo e obediente. Além dele e dos pais, uma prima órfã morava com a família, chamava-se Helena.

Helena era uma moça bonita, educada e meiga. Por essa razão chamou a atenção do jovem Simão. Se apaixonaram e pretendiam se casar.

Quando os pais de Simão souberam desse amor, logo resolveram dar o fim nesta loucura. O pai de Simão usou o seu poder de pai e, como filho submisso que era, Simão silenciou e acata as ordens do pai. 

Afastados e com o coração partido, Simão espera ansioso a ordem do pai, de voltar para casa e reatar o namoro com Helena.


"Entretanto, como o espírito dos amantes não é menos engenhoso que o dos romancistas, Simão e Helena acharam um meio de se escreverem, e deste modo podiam consolar-se da ausência, com presença das letras e do papel."


Passado algum tempo, Simão recebe uma carta dizendo que Helena veio a falecer e, por este motivo, o filho deve voltar, e até quem sabe fazer um bom casamento com uma moça da sociedade.

Mas, por essa seus pais não esperavam! Simão resolve ir para o convento, ele estaria vivo de corpo e morto de alma, fez dos muros do convento sua lápide.

Certa vez, Frei Simão foi obrigado a visitar a província natal, para trabalhos eclesiásticos. Antes fez uma visita breve aos seus pais, do qual os encontrou visivelmente mudados, tanto na aparência, quanto moralmente.

E lá se foi Frei Simão para uma vila no interior, pregar a Palavra. Quando estava no púlpito fazendo seu sermão, um casal entra... e logo se ouve um grito! A recém chegada desmaia, e ao ver quem era, Frei Simão começa a falar desconexamente e toda a assembleia fica consternada.

Demorou alguns dias para que o Frei voltasse ao normal. 

Sim, caros amigos, a tal moça era Helena! Esta veio a falecer, dois meses depois, deixando o marido inconsolável e Simão em pura alienação.



Após a morte de frei Simão, o Abade recebe no convento um senhor secular, para passar seus últimos dias na cela que fora de seu filho. Para acalentar o que restara de sua alma sofrida, perdera a esposa e também seu amado filho, Simão. Sim, o pai de Simão morreu doido e lastimando a própria sorte, afinal ele foi tremendamente egoísta.

Machado de Assis, nos apresenta o domínio da família patriarcal da época, o jogo de interesses e a resignação da personagem masculina, sendo que na maioria acontece com as mulheres. E neste conto é Simão que tem sua voz silenciada pelas artimanhas paternas.

Percebe-se uma crítica em relação ao celibato, da forma como Simão vai para a clausura, não é por vocação. Já Helena, foi imposta sua condição de mulher, em que o próprio tutor escolhe seu futuro, obrigando-a a se casar com um homem que não amava.

Este conto faz parte do Projeto Machado de Assis, saiba mais aqui!

Boas Leituras!



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